A LEI ACERCA DA LEPRA NUMA CASA (LEVÍTICO 14:33-57)
“O Leitor observará que
os casos de lepra numa pessoa ou no vestuário podiam ocorrer no
deserto; porém no caso de uma casa, era forçoso que
aparecesse em Canaã: “Quando tiverdes entrado na Terra de Canaã que vos hei de
dar em possessão, e Eu enviar a praga da lepra em alguma casa da Terra
da vossa possessão, Então aquele de quem for a casa, virá e informará ao
Sacerdote, dizendo: Parece-me que há como que praga na minha casa. E o
Sacerdote ordenará que desocupem a casa, antes que entre para examinar a praga,
para que tudo o que está na casa não seja contaminado; e depois entrará o
Sacerdote para examinar a casa; E vendo a praga, e eis que se ela estiver nas
paredes da casa em covinhas verdes ou vermelhas, e parecerem mais fundas do que
a parede, Então o Sacerdote sairá da casa para fora da porta e fechá-la-á por
sete dias.” (Levítico 14:34-38).
Considerando a casa como figura de uma assembleia (isto é, de uma igreja local — Nota do Distribuidor) (I Timóteo 3:15;
Hebreus 3:6), encontramos nesta passagem alguns princípios importantes do Método Divino
de tratar o mal moral ou os sintomas de mal, numa congregação. Observemos a
mesma santa calma e perfeita paciência a respeito da casa que já tínhamos
observado em referência à pessoa ou ao vestuário. Não havia pressa nem
indiferença, quer se tratasse de uma casa, de um vestido ou de um
indivíduo. Quem observasse algo de anormal não devia ficar indiferente
a qualquer sintoma que aparecesse nas paredes; nem devia ele próprio
pronunciar-se sobre esses sintomas. Examinar e julgar eram trabalho do
Sacerdote. A partir do momento em que qualquer coisa de suspeito aparecesse, o
Sacerdote assumia uma atitude judicial a respeito dessa casa. A casa ficava
submetida a juízo, ainda que não condenada. Antes de se poder chegar a uma
decisão, tinha de decorrer o período legal. Podia ocorrer que os sintomas
fossem meramente superficiais, e nesse caso, nenhuma ação seria tomada.
“Depois, ao sétimo dia o Sacerdote voltará, e
examinará; e se vir que a praga nas paredes da casa se tem estendido, Então o
Sacerdote ordenará que arranquem as pedras, em que estiver a praga,
e que as lancem fora da cidade, num lugar imundo”. (Versículos 39-40). Antes de
condenar toda a casa, devia-se fazer a prova arrancando somente as pedras que tinham lepra
(Devemos nos lembrar que, no Novo Testamento, pedras são pessoas (Lucas 19:40)
e que os Crentes são chamados “Pedras Vivas e são Sacerdotes e “Casa Espiritual”
(I Pedro 2:5, 9) — Nota do Distribuidor).
“Porém, se a praga tornar a brotar na casa, depois
de arrancadas
as pedras e raspada a casa, e de novo rebocada, Então o Sacerdote
entrará e examinará, se a praga na casa se tem estendido, lepra roedora há na
casa; imunda está, Portanto, se derribará a casa, e as suas pedras, e a sua
madeira, como também todo o barro da casa; e se levará para fora da cidade a um
lugar imundo.” (Versículos 43-45). O caso era irremediável, o mal incurável: todo
o edifício tinha de ser demolido.
“E o que entrar naquela casa, em qualquer dia em
que estiver fechada, será imundo até à tarde. Também o que se deitar a dormir
em tal casa lavará as suas roupas; e o que comer em tal casa lavará as suas
roupas.” (Versículos 46-47). É uma verdade
muito solene. O contato polui! Recordemos isto. Era um
princípio amplamente recomendado na Economia Levítica; e, seguramente, não é
menos aplicável nos dias de hoje.
“Porém, tornando o Sacerdote a entrar na casa e
examinando-a, se a praga não se tem estendido, depois que a casa foi rebocada,
o Sacerdote a declarará limpa, porque a praga está curada.” (Versículo 48). A remoção das pedras manchadas, etc.,
tinha sustado o desenvolvimento do mal e tornado desnecessário qualquer juízo
ulterior. A casa deixava de estar sob ação judicial. E purificada pela aplicação
do sangue, estava de novo em condições de ser habitada. (Versículos 49
em diante).
E, agora, quanto à moral de tudo isto: é, ao mesmo
tempo, interessante, solene e prática. Consideremos, por exemplo, a igreja em
Corinto. Era uma casa espiritual, composta de pedras espirituais; mas o
olhar perspicaz do Apóstolo descobriu nas suas paredes certos sintomas de
natureza muito duvidosa. Ficou ele indiferente? Não, por certo. Ele
estava tão possuído do Espírito do Dono da casa que não podia admitir, nem por um momento, tal
coisa. Mas, se não ficou indiferente, também não se mostrou precipitado. Mandou
tirar a pedra leprosa e deu à casa uma
raspagem completa. Havendo atuado assim, esperou pacientemente o resultado. E
qual foi esse resultado? Aquele que o coração mais podia desejar: “Mas, Deus, que
consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito. E não somente com a sua
vinda, mas também pela consolação com que foi consolado por vós, constando-nos
as vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim, de maneira que muito
me regozijei. Porquanto ainda que vos contristei com
a minha Carta, não me arrependo, embora já
me tivesse arrependido por ver
que aquela Carta vos contristou,
ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas
porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes
contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em
coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento
para a Salvação, da qual ninguém se arrepende. Mas a tristeza do mundo opera a morte. Porque, quanto cuidado não produziu
isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que
apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros
neste negócio.” (II Coríntios 7:6-11; Compare-se I Coríntios 5
com II Coríntios 7:11). É um agradável exemplo. O cuidado e zelo do
Apóstolo foram amplamente recompensados; a praga foi retida e a assembleia
liberta da influência corruptora do mal moral que não havia sido julgado.
Tomemos outro exemplo: “E ao Anjo da igreja que
está em Pérgamo escreve: Isto diz Aquele que tem a Espada de dois fios: Conheço
as tuas obras e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o
Meu Nome, e não negaste a Minha Fé, ainda nos dias de Antipas, Minha fiel
testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Mas algumas poucas
coisas tenho contra ti, porque trens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o
qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que
comessem dos sacrifícios da indolatria, e se prostituíssem. Assim tens também
os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que Eu odeio. Arrepende-te,
pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a Espada
da Minha boca.” (Apocalipse 2:12-16). O Sacerdote Divino mantém uma atitude
judicial em relação à Sua casa em Pérgamo. Não
podia ficar indiferente à vista dos sintomas tão alarmantes; mas graciosa e
pacientemente dá tempo para que se arrependam. Se as advertências não produzirem
efeito, então o juízo deverá seguir o seu curso.
Estas coisas estão repletas de Ensino prático no que respeita à Doutrina da Assembleia.(1)
As sete igrejas da Ásia oferecem-nos diversas e admiráveis
ilustrações da casa submetida a juízo
sacerdotal. Deveríamos estudá-las cuidadosamente e com
oração, pois são de imenso valor. Não devemos olhar para as nossas
conveniências, quando algo de natureza suspeita
surge na assembleia.(2)
_____________________
(1) O Autor usa o termo “Assembleia”, com inicial maiúscula,
referindo-se à Igreja Geral. (Nota do
Distribuidor).
(2) O Autor usa o termo “assembleia”, com inicial
minúscula, referindo-se à igreja local.
O Autor pertence ao Movimento
dos Irmãos. Muito antes dos pentecostais usarem indevidamente a
expressão Assembleia de Deus
para suas igrejas, esta expressão e outras semelhantes, como Irmãos Cristãos, por exemplo, que podem abranger
todo o Povo de Deus, já eram usados pelos “Irmãos” (Nota do Distribuidor)
Podemos ser tentados a desculparmo-nos, dizendo: “Isto não me
diz respeito; porém é dever de todos os que amam ao Senhor da casa cuidar
com zelo da pureza dessa casa; e se hesitarmos ante o cumprimento deste
dever não será para nossa honra nem proveito no Dia do Senhor.
Não prosseguiremos com este assunto, mas, antes de
encerrar esta parte, desejamos declarar que cremos firmemente que todo este
assunto da lepra tem lições de grande alcance, não só em relação à Casa de
Israel, mas também aplicáveis à Igreja Professa.”
(C. H. MacKINTOSH, ESTUDOS SOBRE O LIVRO DE LEVÍTICO,
DEPÓSITO DE LITERATURA CRISTÃ, Lisboa, Portugal; Los Angeles, California,
páginas 205 a 208)
CHARLES HENRY MacKINTOSH (1820-1896) nasceu na Irlanda
no ano de 1820, filho de um Capitão do Regimento Escocês, em serviço na Irlanda,
naqueles dias. Converteu-se ao Senhor Jesus aos 18 anos de idade, tendo se
dedicado algum tempo ao Magistério, para o que estabelecera uma Escola em
Westport, Irlanda. Em 1853 consagrou-se por completo ao Ministério da
Palavra, sendo muito usado neste Serviço. Empreendeu então a publicação de uma
Revista intitulada THINGS NEW AND OLD (COISAS NOVAS E VELHAS), e mais tarde
escreveu a sua bem conhecida Obra, ESTUDOS SOBRE O PENTATEUCO, a qual foi
publicada em seis volumes (dedicando dois volumes ao Livro de Deuteronômio). As
Obras de C. H. MacKINTOSH têm sido de grande bênção para os seus leitores. Ele
escreveu seu primeiro tratado THE PEACE OF GOD (A PAZ DE DEUS) em 1843. Em 1896
escreveu THE GOD OF PEACE (O DEUS DE PAZ), sendo esta a sua última Obra. Pouco
tempo depois passou para a presença do Senhor, na cidade de Cheltenham,
Inglaterra. Por meio de suas valiosas Obras “depois de morto ainda fala”.
(Hebreus 11:4).
Nota do
Editor: Como todos os Irmãos
originalmente, MacKINTOSH, ao usar Assembleia (referindo-se à Igreja Geral), e assembleia (referindo-se à igreja local),
reafirma o que é biblicamente ensinado na Teologia de Westminster: Igreja Universal, e Igreja Particular, o que pode ser visto nos Símbolos de
Westminster, na Confissão de Fé (Batista) de Londres de 1689 e na Declaração
(Congregacional) de Savoy, como Ensinador
Bíblico que ele é.
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