terça-feira, 31 de dezembro de 2013

A LEI ACERCA DA LEPRA NUMA CASA (LEVÍTICO 14:33-57)

“O Leitor observará que os casos de lepra numa pessoa ou no vestuário podiam ocorrer no deserto; porém no caso de uma casa, era forçoso que aparecesse em Canaã: “Quando tiverdes entrado na Terra de Canaã que vos hei de dar em possessão, e Eu enviar a praga da lepra em alguma casa da Terra da vossa possessão, Então aquele de quem for a casa, virá e informará ao Sacerdote, dizendo: Parece-me que há como que praga na minha casa. E o Sacerdote ordenará que desocupem a casa, antes que entre para examinar a praga, para que tudo o que está na casa não seja contaminado; e depois entrará o Sacerdote para examinar a casa; E vendo a praga, e eis que se ela estiver nas paredes da casa em covinhas verdes ou vermelhas, e parecerem mais fundas do que a parede, Então o Sacerdote sairá da casa para fora da porta e fechá-la-á por sete dias.” (Levítico 14:34-38).
Considerando a casa como figura de uma assembleia (isto é, de uma igreja local — Nota do Distribuidor) (I Timóteo 3:15; Hebreus 3:6), encontramos nesta passagem alguns princípios importantes do Método Divino de tratar o mal moral ou os sintomas de mal, numa congregação. Observemos a mesma santa calma e perfeita paciência a respeito da casa que já tínhamos observado em referência à pessoa ou ao vestuário. Não havia pressa nem indiferença, quer se tratasse de uma casa, de um vestido ou de um indivíduo. Quem observasse algo de anormal não devia ficar indiferente a qualquer sintoma que aparecesse nas paredes; nem devia ele próprio pronunciar-se sobre esses sintomas. Examinar e julgar eram trabalho do Sacerdote. A partir do momento em que qualquer coisa de suspeito aparecesse, o Sacerdote assumia uma atitude judicial a respeito dessa casa. A casa ficava submetida a juízo, ainda que não condenada. Antes de se poder chegar a uma decisão, tinha de decorrer o período legal. Podia ocorrer que os sintomas fossem meramente superficiais, e nesse caso, nenhuma ação seria tomada.
“Depois, ao sétimo dia o Sacerdote voltará, e examinará; e se vir que a praga nas paredes da casa se tem estendido, Então o Sacerdote ordenará que arranquem as pedras, em que estiver a praga, e que as lancem fora da cidade, num lugar imundo”. (Versículos 39-40). Antes de condenar toda a casa, devia-se fazer a prova arrancando somente as pedras que tinham lepra (Devemos nos lembrar que, no Novo Testamento, pedras são pessoas (Lucas 19:40) e que os Crentes  são  chamados “Pedras Vivas e são Sacerdotes e “Casa Espiritual” (I Pedro 2:5, 9) — Nota do Distribuidor).
“Porém, se a praga tornar a brotar na casa, depois de arrancadas as pedras e raspada a casa, e de novo rebocada, Então o Sacerdote entrará e examinará, se a praga na casa se tem estendido, lepra roedora há na casa; imunda está, Portanto, se derribará a casa, e as suas pedras, e a sua madeira, como também todo o barro da casa; e se levará para fora da cidade a um lugar imundo.” (Versículos 43-45). O caso era irremediável, o mal incurável: todo o edifício tinha de ser demolido.
“E o que entrar naquela casa, em qualquer dia em que estiver fechada, será imundo até à tarde. Também o que se deitar a dormir em tal casa lavará as suas roupas; e o que comer em tal casa lavará as suas roupas.” (Versículos 46-47). É uma verdade muito solene. O contato polui! Recordemos isto. Era um princípio amplamente recomendado na Economia Levítica; e, seguramente, não é menos aplicável nos dias de hoje.
“Porém, tornando o Sacerdote a entrar na casa e examinando-a, se a praga não se tem estendido, depois que a casa foi rebocada, o Sacerdote a declarará limpa, porque a praga está curada.” (Versículo 48). A remoção das pedras manchadas, etc., tinha sustado o desenvolvimento do mal e tornado desnecessário qualquer juízo ulterior. A casa deixava de estar sob ação judicial. E purificada pela aplicação do sangue, estava de novo em condições de ser habitada. (Versículos 49 em diante).
E, agora, quanto à moral de tudo isto: é, ao mesmo tempo, interessante, solene e prática. Consideremos, por exemplo, a igreja em Corinto. Era uma casa espiritual, composta de pedras espirituais; mas o olhar perspicaz do Apóstolo descobriu nas suas paredes certos sintomas de natureza muito duvidosa. Ficou ele indiferente? Não, por certo. Ele estava tão possuído do Espírito do Dono da casa que não podia admitir, nem por um momento, tal coisa. Mas, se não ficou indiferente, também não se mostrou precipitado. Mandou tirar a pedra leprosa e deu à casa uma raspagem completa. Havendo atuado assim, esperou pacientemente o resultado. E qual foi esse resultado? Aquele que o coração mais podia desejar: “Mas, Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito. E não somente com a sua vinda, mas também pela consolação com que foi consolado por vós, constando-nos as vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim, de maneira que muito me regozijei. Porquanto ainda que vos contristei com a minha Carta, não  me  arrependo,  embora  já  me  tivesse  arrependido  por ver  que  aquela Carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a Salvação, da qual ninguém se arrepende. Mas a tristeza do mundo opera a morte. Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança!  Em  tudo  mostrastes  estar  puros  neste  negócio.”  (II Coríntios 7:6-11; Compare-se I Coríntios 5 com II Coríntios 7:11). É um agradável exemplo. O cuidado e zelo do Apóstolo foram amplamente recompensados; a praga foi retida e a assembleia liberta da influência corruptora do mal moral que não havia sido julgado.
Tomemos outro exemplo: “E ao Anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz Aquele que tem a Espada de dois fios: Conheço as tuas obras e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o Meu Nome, e não negaste a Minha Fé, ainda nos dias de Antipas, Minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque trens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da indolatria, e se prostituíssem. Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que Eu odeio. Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a Espada da Minha boca.” (Apocalipse 2:12-16). O Sacerdote Divino mantém uma atitude judicial em relação à Sua casa em Pérgamo. Não podia ficar indiferente à vista dos sintomas tão alarmantes; mas graciosa e pacientemente dá tempo para que se arrependam. Se as advertências não produzirem efeito, então o juízo deverá seguir o seu curso.
Estas coisas estão repletas de Ensino prático no que respeita à Doutrina da Assembleia.(1) As sete igrejas da Ásia oferecem-nos diversas e admiráveis ilustrações da casa submetida a juízo sacerdotal. Deveríamos estudá-las cuidadosamente e com oração, pois são de imenso valor. Não devemos olhar para as nossas conveniências, quando algo de natureza suspeita surge na  assembleia.(2)
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(1) O Autor usa o termo “Assembleia”, com inicial maiúscula, referindo-se à Igreja Geral. (Nota do Distribuidor).
(2) O Autor usa o termo “assembleia”, com inicial minúscula, referindo-se à igreja local.  O  Autor  pertence ao Movimento dos Irmãos. Muito antes dos pentecostais usarem indevidamente  a  expressão  Assembleia de Deus para suas igrejas, esta expressão e outras semelhantes, como Irmãos Cristãos, por exemplo, que podem abranger todo o Povo de Deus, já eram usados pelos “Irmãos” (Nota do Distribuidor)


Podemos ser tentados a desculparmo-nos, dizendo: “Isto não me diz respeito; porém é dever de todos os que amam ao Senhor da casa cuidar com zelo da pureza dessa casa; e se hesitarmos ante o cumprimento deste dever não será para nossa honra nem proveito no Dia do Senhor.

Não prosseguiremos com este assunto, mas, antes de encerrar esta parte, desejamos declarar que cremos firmemente que todo este assunto da lepra tem lições de grande alcance, não só em relação à Casa de Israel, mas também aplicáveis à Igreja Professa.”

(C. H. MacKINTOSH, ESTUDOS SOBRE O LIVRO DE LEVÍTICO, DEPÓSITO DE LITERATURA CRISTÃ, Lisboa, Portugal; Los Angeles, California, páginas 205 a 208)

CHARLES HENRY MacKINTOSH (1820-1896) nasceu na Irlanda no ano de 1820, filho de um Capitão do Regimento Escocês, em serviço na Irlanda, naqueles dias. Converteu-se ao Senhor Jesus aos 18 anos de idade, tendo se dedicado algum tempo ao Magistério, para o que estabelecera uma Escola em Westport, Irlanda. Em 1853 consagrou-se por completo ao Ministério da Palavra, sendo muito usado neste Serviço. Empreendeu então a publicação de uma Revista intitulada THINGS NEW AND OLD (COISAS NOVAS E VELHAS), e mais tarde escreveu a sua bem conhecida Obra, ESTUDOS SOBRE O PENTATEUCO, a qual foi publicada em seis volumes (dedicando dois volumes ao Livro de Deuteronômio). As Obras de C. H. MacKINTOSH têm sido de grande bênção para os seus leitores. Ele escreveu seu primeiro tratado THE PEACE OF GOD (A PAZ DE DEUS) em 1843. Em 1896 escreveu THE GOD OF PEACE (O DEUS DE PAZ), sendo esta a sua última Obra. Pouco tempo depois passou para a presença do Senhor, na cidade de Cheltenham, Inglaterra. Por meio de suas valiosas Obras “depois de morto ainda fala”. (Hebreus 11:4).
Nota do Editor: Como todos os Irmãos originalmente, MacKINTOSH, ao usar Assembleia (referindo-se à Igreja Geral), e assembleia (referindo-se à igreja local), reafirma o que é biblicamente ensinado na Teologia de Westminster: Igreja Universal, e Igreja Particular, o que pode ser visto nos Símbolos de Westminster, na Confissão de Fé (Batista) de Londres de 1689 e na Declaração (Congregacional) de Savoy, como Ensinador Bíblico que ele é.

Leia a Bíblia. A Bíblia é a Palavra de Deus. Ela é a nossa única Regra de Fé e Prática e única Revelação Sobrenatural de Deus para a presente Dispensação. Recomendamos a EDIÇÃO ALMEIDA CORRIGIDA E REVISADA FIEL, a única Versão Fiel em Português aos Originais Grego e Hebraico. Peça nossa Literatura Gratuita. Escreva-nos:
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